Esta é a tradução da meditação guiada feita por Richard Lang sobre O Caminho Sem Cabeça (The Headless Way) no aplicativo Waking Up.
Olá, eu sou Richard Lang. Estou muito satisfeito por poder apresentar a ciência da 1ª pessoa, também conhecida como O Caminho Sem Cabeça (The Headless Way), aqui no aplicativo Waking Up.
A ciência da 1ª pessoa é um método moderno e experimental de despertar para quem você realmente é. Foi desenvolvido por Douglas Harding, que escreveu muitos livros, incluindo “On Having No Head” e “The Science of the 1st Person”.
A pergunta central que farei nessas sessões é “Quem ou o que você é?”
Uma razão para fazer essa pergunta é a curiosidade. Simplesmente sendo curioso sobre si mesmo. Não apenas aceitando o que os outros dizem que você é, mas dando uma olhada por si mesmo.
Outra razão é que viver de acordo com a verdade funciona melhor do que viver de acordo com uma ilusão. Se você está cometendo um erro sobre o que você é, isso afetará sua vida, seu trabalho, seus relacionamentos, tudo.
Quem ou o que você é? A hipótese que proponho é que você como 1ª pessoa, como você é do seu próprio ponto de vista, não é o mesmo que o que você é para os outros. Para outros, você é uma pessoa, mas para si mesmo você é espaço para o mundo.
Nessas sessões, conduzirei você por exercícios, ou experimentos, de consciência, que testam essa hipótese. Cada experimento direciona sua atenção para o que você é do seu ponto de vista, para que você possa ver por si mesmo se é uma coisa no mundo ou espaço para o mundo.
Além de guiá-l@ através de experimentos, indicarei como a experiência de ser espaço para o mundo faz sentido em termos de ciência objetiva, e como estar ciente de nosso eu essencial é o próximo estágio natural do desenvolvimento pessoal. Também vou lhe dar algumas idéias sobre como você pode manter a consciência do seu ser-espaço-na-1ª-pessoa na vida cotidiana.
É melhor ouvir essas sessões em ordem. O conteúdo das sessões posteriores se baseia no das sessões anteriores.
Vamos agora fazer um experimento, o experimento de apontar, para testar a hipótese de que você é espaço para o mundo. Vou orientar sua atenção passo a passo, indo do que você está olhando para de onde você está olhando. De objetos, lá, para você, o sujeito, aqui. Do conteúdo da consciência à própria consciência.
Esse experimento é realizado com os olhos abertos e é melhor se você estiver sentad@, para poder dedicar toda a sua atenção a essa experiência.
Por favor, aponte para um objeto na sua frente. Realmente aponte, com o dedo indicador, em direção a uma coisa específica. A razão para apontar assim é que ajuda a direcionar sua atenção, como um raio laser.
Olhando no seu dedo, para o objeto que você está apontando, observe que cor é. Observe qual é a forma. Simplesmente, você pode ver que é um objeto, é uma coisa.
Agora aponte para o seu sapato e olhe. Observe que cor é. Observe qual é a forma. É outro objeto, outra coisa.
Agora aponte para o seu tronco. Observe que cor é. Observe qual é a forma. Você pode até ver o movimento da sua respiração. E, novamente, simplesmente esteja ciente de que é um objeto, uma coisa. É algo que você está olhando. Faz parte do conteúdo da consciência.
Agora você chega à parte mais importante. Você vai girar sua atenção, 180 graus, e olhar para o lugar de onde está olhando. Você vai olhar para si mesmo, para quem olha, para ver o que você é.
Para ajudar a girar a atenção, mantenha a mão estendida à sua frente, ao nível dos olhos, mas vire-a e aponte o dedo diretamente para trás, para onde os outros vêem seu rosto. Aponte para o lugar de onde você está olhando.
O que você vê na direção em que está apontando agora? Você está apontando para outra coisa? Você vê alguma cor aí? Você vê alguma forma aí? Você vê algum movimento aí? Você vê seu rosto aí?
É importante que você deixe de lado o que acha que existe, o que os outros dizem que está aí, o que você “sabe” está aí e, em vez disso, se olhe com a mente aberta. Somente você está em posição de ver o que está do seu lado do seu dedo indicador. Pela razão óbvia de que apenas você está aí.
No entanto, vou compartilhar com você o que eu experiencio para que você possa verificar se está na mesma condição. Enquanto estou compartilhando meu ponto de vista, espero que você continue apontando e olhando, para poder ver se minha experiência corresponde à sua.
Aqui está a minha experiência. Lá eu vejo meu dedo apontando, com a sala além dele. Mas aqui, do meu lado do dedo, para onde estou apontando, não vejo nada. Aqui não vejo cores, formas, movimento ou rosto. Em vez de ver meu rosto aqui, vejo espaço, transparência, vazio. É isso que eu vejo que eu sou, aqui, agora, do meu lado do meu dedo indicador. Encontro esse espaço consciente, esse vazio desperto.
Há algo importante a dizer neste momento sobre essa experiência. É não-verbal. Acredito que você esteja tendo a mesma experiência essencial que eu. Em outras palavras, você está apontando para um lugar onde não vê nada. Mas você pode não pensar nisso da mesma maneira que eu. Estou usando palavras como espaço e vazio. Elas podem ou não ser significativas para você. Mas as palavras não são o mais importante. O mais importante é a experiência.
Se minhas palavras não forem úteis para você, deixe-as de lado e encontre as suas, para descrever essa experiência. Ou não use nenhuma palavra.
A segunda coisa a dizer é que essa experiência também é não-emocional, não é um sentimento. Não estou sentindo o espaço aqui, estou vendo. Nesse sentido, essa experiência é neutra. É simplesmente uma observação do que você vê quando se olha, ou melhor, do que não vê.
Alguns podem ter expectativas sobre o que sentiremos quando finalmente vermos quem realmente somos. Quando mudamos a atenção dos objetos da consciência para o sujeito, para a própria consciência. Podemos esperar nos sentir livres, pacíficos ou felizes, mas essa experiência que estou compartilhando com você agora é uma espécie de não-experiência. Está vazia de conteúdo. Não tem sentimento. É simplesmente perceber que você não vê seu rosto, mas vê o mundo.
Se você não sente nada, ou isso não significa algo para você, tudo bem. Isso é normal. Eu só espero que você possa ser paciente. Leva tempo para os benefícios de ver quem você realmente é se revelarem.
Agora vou pedir para você fazer mais uma coisa. Enquanto você ainda está apontando com o dedo (se estiver descansando a mão por um momento, levante-a novamente e aponte para si mesmo), levante a outra mão, coloque-a ao lado da primeira mão, mas aponte pra fora com ela.
Agora você tem o segundo dedo apontando para as coisas e o primeiro dedo apontando para não-coisa (nada). Isso é apontar nos dois sentidos. Olhar nos dois sentidos. Fora e dentro, ao mesmo tempo.
Isso indica a diferença entre a vista externa, para o mundo e a vista interna, para o espaço. A vista externa tem coisas, a vista interna tem não-coisa (nada). E, no entanto, as coisas lá e o espaço aqui se encaixam perfeitamente. Não existe uma linha divisória entre o espaço vazio do qual você está olhando e todas as coisas que aparecem nesse espaço.
Você pode baixar suas mãos agora.
Apontar para o seu não-rosto é uma maneira eficaz de direcionar sua atenção para o seu eu essencial. Para este espaço que contém o mundo. Mesmo depois de muitos anos vendo quem eu realmente sou, ainda faço o experimento de apontar. Apontar aqui me faz realmente olhar para o meu não-rosto, em vez de apenas pensar sobre isso.
Ver o seu não-rosto é o fim da busca pelo seu verdadeiro eu. Você o encontrou. Mas este também é o começo de viver a partir desse espaço.
Se você quer se beneficiar de ver e ser seu verdadeiro eu, continue olhando. Continue praticando. Adquira o hábito de ver e ser quem você realmente é. Até que se torne natural e normal ser espaço para o mundo. Você não precisa sempre apontar, pode olhar aqui sem apontar.
A meditação guiada continua…